segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Desdobramentos da Luta de Classes no Mundo Reafirmam Princípios do Marxismo-Leninismo

Editorial da Edição 449 do Jornal Inverta



Os exemplos do reflexo da luta de classes no mundo, que antes giravam em torno dos governos progressistas da América Latina e das constantes revoltas nos países da União Europeia, e do Oriente Médio, ganharam, recentemente, uma nova e controversa companhia: os protestos dos insurgentes povos do norte da África que se iniciaram na virada do mês de janeiro para fevereiro do presente ano.

Controverso, pois, em um primeiro momento, a grande mídia burguesa, particularmente a representante mor do império ianque (a Globo), falava em violentos confrontos, onde turistas brasileiros eram impedidos do livre trânsito na cidade do Cairo e as crianças e idosos passavam por momentos de desespero. Num segundo momento, com os EUA aceitando abertamente a possibilidade da "transição", aí a "nossa" mídia começou a falar em manifestação popular, até pacífica como exemplo da luta de uma “sociedade” contra um “ditador” e pelo “ideal democrático”. Nada mais fantasioso e mascarador da realidade do que palavras que nada dizem e tornam o movimento real de luta social num mero conflito de “ideias” entre cidadãos esclarecidos e déspotas tiranos. Não que o folclórico presidente egípcio Mubarak, um dos principais aliados de Israel e EUA na região, não incorpore, efetivamente, o papel que a ele se atribui, mas sim porque a utilização de um conceito de sociedade sem a necessária separação do “joio” e do “trigo” não reflete o que realmente acontece no país africano.

A “sociedade”, como quer a grande mídia, é composta de setores que entram em choque e têm interesses diametralmente opostos. Essa teia social é normalmente composta de trabalhadores, burguesia (nacional e estrangeira) e outras classes com interesses próprios. Dessa forma, um conceito de sociedade como ente de interesse único desfigura por completo o que se passa na vida real, ainda mais quando a ele se atribui uma abstrata “vontade democrática” inerente ao “ser humano”.

A “democracia” pode ser sim um catalisador ideológico dos conflitos da realidade e fator de aliança de setores mais progressistas da “sociedade” contra os setores mais retrógrados, representados por Mubarak. Nunca, porém, um “ideal” de tal forma abstrato será, por si só, responsável por uma convulsão social, mas sim as contradições reais que, em algum momento, podem ganhar eco neste ou naquele pensamento, se este conduzir a uma solução, ainda que parcial, dos conflitos latentes.

Se a princípio a revolta egípcia foi bem recebida pela imprensa dominante, logo algumas potências ultrarreacionárias, como Israel, começaram a temer pelo “pior”, ou seja, que a revolta passasse do campo de luta por algumas reformas pontuais para uma revolução social completa. O governo israelense chegou inclusive a permitir a movimentação de tropas egípcias, mobilizadas para reprimir as manifestações, em territórios que antes eram zonas desmilitarizadas desde o fim do conflito armado entre aquelas nações.

Para provar ainda que o conceito de “democracia” é diferente para as partes envolvidas na disputa analisemos a reação internacional dos últimos acontecimentos. Com o anúncio de que Mubarak não concorreria às próximas eleições, mas que permaneceria até o fim do seu presente mandato – numa clara manobra para tentar perpetuar-se no poder – a grande mídia falou em “aula de democracia do povo egípcio”, o governo dos EUA saudou a “transição pacífica”. Entretanto, o povo egípcio, já mobilizado, entendeu que essa não era uma saída suficientemente “democrática”, o que levou a imprensa internacional a chamar aqueles que permaneceram mobilizados de “radicais” e a falar em “escalada da violência”. Ora, por que se fala em “escalada da violência” agora e não em “povo clamando por mais democracia”?

Conclui-se pelo óbvio, ou seja, os governos não são senão representantes de interesses de determinados agrupamentos sociais e da correlação de forças existente dentro de uma sociedade, são o espelho da costura de acordos entre as classes dominantes. O fato de ser Mubarak ou um outro sujeito qualquer, mantida a correlação de forças atual, não mudaria o caráter desse mesmo governo. O que a revolta popular faz, costurando alianças possíveis, é tentar mudar essa correlação e instalar um governo que avance nas conquistas sociais. Não faz qualquer sentido imaginar que a “sociedade egípcia” - como um todo – descobriu ontem o que era democracia e hoje passou a exigi-la pelo simples fato de achar que é uma melhor forma de governo. Tentar fazer colar essa lorota é chamar o povo que sofre com as mazelas do sistema de bobo. Assim como é chamar os egípcios insurgentes de bobos exigir que estes aceitem uma “transição pacífica”, nos moldes do “vamos empurrar com a barriga o governo que nos interessa e puxar o saco do povo para ver se ele se acalma”.

E como esses acontecimentos reafirmam a teoria marxista-leninista? Bom, além de pôr a nu a atualidade da análise da luta de classes como motor da história, demonstra também que, sem a subjetividade adequada do movimento revolucionário, ou seja, sem a organização do partido revolucionário, a massa pode ser iludida e/ou freada no seu ímpeto por transformações, ou ter esse mesmo ímpeto catalisado para a via eleitoral ou, ainda, outra forma qualquer de “conquista” que equivalha, em política, a “dar os anéis para não perder os dedos”.

Como já afirmado em editoriais anteriores, é o partido revolucionário que poderá garantir a firmeza da posição das massas para forjar a correlação de forças necessárias para conduzir o povo egípcio à revolução. Da mesma forma, somente um partido realmente revolucionário poderá intervir revolucionariamente na correlação de forças no momento em que o governo PT for desafiado pelas contradições fundamentais da sua atual coalizão de forças no Brasil.

Sendo assim, camaradas, devemos intensificar os nossos estudos e a formação de quadros e profissionais da revolução, sem esquecer a importância das tarefas práticas, do relatório, do centralismo democrático, do órgão central e da produção coletiva. Mais uma vez, que os esforços se redobrem no sentido de aumentar a periodicidade do Jornal, termômetro organizacional, que nos fará chegar a mais lugares e estruturar-nos de forma sólida. Que os Comitês de Luta Contra o Neoliberalismo sejam alimentados constantemente pela literatura revolucionária e sirvam de foco vivo de resistência popular.

O “fantasma” do comunismo continua rondando o mundo e cada vez que ele retorna arrepia de medo às classes dominantes de forma mais intensa e assim será, faremos ser, até o triunfo da classe trabalhadora!

VIVAM OS POVOS INSURGENTES DO MUNDO!
VIVA O JORNAL INVERTA, NOSSO ORGANIZADOR COLETIVO!
VIVAM OS COMITÊS DE LUTA CONTRA O NEOLIBERALISMO!
VIVA O MARXISMO-LENINISMO, CIÊNCIA DA CLASSE OPERÁRIA!
ATÉ A VITÓRIA SEMPRE! VENCEREMOS!


CEPPES/Redação do OC

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