sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A luta de classes no centro do sistema.


Sofia Manzano[1]

O movimento Ocupar (indignados de cidades americanas) que estão se manifestando nas praças públicas das principais cidades dos EUA, e que não admite a participação de partidos e organizações sindicais, está provocando a adesão dos sindicatos, como mostra a Greve Geral de hoje, em Oakland, na Califórnia. É muito importante perceber que, a preocupação dos indignados é com a manutenção dessa amorfa e descabeçada assembléia nas praças, mas que, por outro lado, o movimento sindical norte americano, amarrado pelo reacionarismo da AFL-CIO, não tinha, até as greves de Wisconsin do ano passado, qualquer perspectiva de impulsionar lutas concretas e de massas. Mesmo em Wisconsin, o resultado das manifestações de mais de 100.000 pessoas contra a aprovação da lei que rebaixa os direitos trabalhistas, acabou num acordo péssimo para os trabalhadores.

Agora, em Oakland, cidade com um movimento sindical historicamente muito forte, desde os anos 20, e responsável por greves gerais importantes na história do movimento sindical norteamericano, se levanta novamente frente aos acontecimentos ocorridos por lá (a repressão policial, a mando do prefeito Democrata, deixou um manifestante gravemente ferido).

Devemos nos atentar para as contradições da classe trabalhadora e perceber seus movimentos, vejam o que diz o texto abaixo: "enquanto os sindicatos continuam perseguindo sua agenda eleitoral, o movimento Ocupar promoveu uma arena para avançar a luta de classes, aqui e agora, nas cidades em todo o país - (...) A greve geral de Oakland representa um grande avanço na luta, com foco nos trabalhadores portuários, um dos sindicatos mais fortes dos EUA, e nos professores, a categoria mais organizada do país."

While union officials will continue to pursue their electoral agenda, the Occupy movement is providing an arena for advancing the class struggle in the here and now, in cities around the country--for building support for and participation in fightbacks against bosses and politicians who are attempting to impose a deep and permanent cut in living standards.

The Oakland general strike call is a big advance in that effort, with its focus on longshore workers, one of the most powerful unions in the U.S., and teachers, who make up the largest group of organized workers in the country.

Os trabalhadores dos EUA carecem de uma estratégia revolucionária e de um operador político capaz de construir uma vanguarda. Por outro lado, na esfera tática, têm demonstrado que são as contradições concretas que levarão à mobilização. Talvez devemos aprender alguma coisa com eles.



[1] Sofia Manzano é professora de economia da USJT e pesquisadora da Unicamp.

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