O PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO COMEMORA 89 ANOS DE LUTA.
A trajetória do Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundado em 25 de março de 1922,
é parte constitutiva da história do Brasil. Se, na sua gênese, convergiram os ideais
libertários do nascente proletariado, no seu desenvolvimento e consolidação foram
sintetizados os processos de maturação de uma organização política que buscava (e
ainda busca até hoje) conjugar em suas fileiras os mais destacados dirigentes das
lutas dos trabalhadores e representantes da intelectualidade e da cultura brasileira.
Quando se tornou um verdadeiro partido de dimensões nacionais, no imediato pósguerra,
o PCB revelou-se como a instância de universalização de uma vontade política
que fundia o mundo do trabalho com o mundo cultural. Intelectuais do porte de
Astrojildo Pereira (um de seus fundadores), Caio Prado Jr., Graciliano Ramos e Mário
Schenberg, entre outros, vinculavam-se a projetos e perspectivas que tinham nas
camadas proletárias o sujeito real da intervenção social.
Se a história do PCB foi marcada por uma sistemática repressão, que o compeliu à
clandestinidade por mais da metade de sua existência e que entregou ao povo
brasileiro boa parte de seus maiores heróis do século XX, nem por isto o PCB foi um
partido marginal. Ao contrário: da década de 1920 aos dias atuais, os comunistas, com
seus acertos e erros, mas especialmente com sua profunda ligação aos interesses
históricos das massas trabalhadoras brasileiras, participaram ativamente da dinâmica
social, política e cultural do país. Por isso mesmo, resgatar a história do PCB é
recuperar a memória de um Brasil insurgente, ao mesmo tempo premido pelas
imposições do modo de produção capitalista e do imperialismo, para comprovar que só
pode fazer futuro quem tem lastro no passado.
Os primeiros anos, que vão da fundação do Partido a 1930, assinalam o esforço de
criar no país uma cultura socialista e um modo proletário de fazer política. Recorde-se
que, ao contrário de outros países, o Brasil não teve, antes de 1922, qualquer
experiência partidária anticapitalista de alguma significância (exceção feita à pioneira
ação dos anarquistas, cujo protagonismo esgotou-se com a greve geral de 1917 e a
algumas tentativas malogradas de se constituir no Brasil um partido de matiz
operária).
Nestes anos, realizando três congressos (o de fundação, em 1922, e os de 1925 e
1928/29) e já operando na clandestinidade, o PCB dá conta da sua dupla tarefa: de
um lado, traduz e divulga o Manifesto do Partido Comunista e lança o jornal A Classe
Operária, buscando divulgar as teses marxistas junto ao operariado. De outro,
dinamiza o movimento sindical com uma perspectiva classista e independente
inserindo-se no cenário da política institucional, através do Bloco Operário Camponês.
Em 1930, reconhecido pela Internacional Comunista e tendo criado a sua Juventude
Comunista, o PCB já multiplicava por quinze os 73 militantes que se integraram ao
Partido em 1922. A década de trinta marca dois movimentos na trajetória do PCB: o
primeiro, até 1935, de afirmação política; o segundo, até 1942, de refluxo - ambos
compreensíveis na conjuntura das transformações que a sociedade brasileira vivia com
a chamada Revolução de 1930, que pôs fim à Primeira República e abriu caminho para
a era Vargas.
No XIV Congresso, realizado em outubro de 2009 no Rio, comprova-se o acerto no
trabalho de reinserção do PCB no movimento comunista internacional e de
solidariedade militante aos partidos, movimentos e governos que avançam na luta
anticapitalista e anti-imperialista em todo o mundo. Verificou-se a forte presença de
convidados estrangeiros ao Congresso, através das delegações dos Partidos
Comunistas Cubano, Grego, da Alemanha, dos Povos da Espanha, dos Mexicanos,
Libanês, Colombiano, da Venezuela, da Bolívia, do Chile, Peruano, Paraguaio,
Argentino, do Polo do Renascimento Comunista Francês, da Frente Popular de
Libertação da Palestina, da Coordenadora Continental Bolivariana, do Partido
Comunista do Vietnã e do Partido do Trabalho da Coréia.
Também compareceram, como convidados, companheiros do PSOL, do PSTU, do PDT,
do PH, da Consulta Popular, do MST, do PCR, da Intersindical, da CUT, da Refundação
Comunista, do CECAC, de entidades de solidariedade internacionalista e da nossa
querida União da Juventude Comunista, demonstrando o crescimento do trabalho do
PCB no interior dos movimentos sociais e políticos no Brasil.
No XIV Congresso, o PCB afirma que o Brasil já cumpriu o ciclo burguês, tornando-se
uma formação social capitalista desenvolvida, terreno propício para a luta de classes
aberta entre a burguesia e o proletariado. E assevera que o cenário da luta de classes
mundial e suas manifestações no continente latino-americano, o caráter do capitalismo
monopolista brasileiro e sua profunda articulação com o sistema imperialista mundial,
a hegemonia conservadora, os resultados deste domínio sobre os trabalhadores e as
massas populares no sentido de precarização da qualidade de vida, desemprego,
crescente concentração da riqueza e flexibilização de direitos levam a reafirmar que o
caráter da luta de classes no Brasil inscreve a necessidade de uma ESTRATÉGIA
SOCIALISTA.
Para tanto, propõe a formação de uma frente política permanente de caráter
anticapitalista e anti-imperialista, que não se confunda com mera coligação
eleitoral, na perspectiva da constituição do Bloco Revolucionário do Proletariado
como um movimento rumo ao socialismo.
Às vésperas de completar 90 anos de existência, o Partido Comunista Brasileiro,
fortalecido nas tradições e na luta dos comunistas em todo o mundo, reafirma a
necessidade histórica de superação do capitalismo, que se dará apenas pela libertação
das classes trabalhadoras, na perspectiva do socialismo rumo à sociedade comunista.
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