Fonte: Jornal O DIA
Ministério pediu empenho na investigação e alguns militantes foram incluídos em programa de proteção, após assassinatos
POR Christina Nascimento
Rio -
Quinze pessoas, sendo sete do acampamento do MST na Usina de Cambahyba e
os outros do assentamento Zumbi dos Palmares, ambos em Campos, Norte do
Estado, tiveram que deixar o local às pressas porque estariam correndo
risco de vida.
O assassinato de dois integrantes do movimento em 10 dias transformou a área rural do município num barril de pólvora. O Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA)pediu empenho do governo do estado na investigação das mortes.
A situação é tão crítica que, após os crimes, foi preciso incluir alguns militantes no Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos.
Parente de Cícero Guedes chora pelo assassinato a tiros do líder, no dia 26: até agora, um suspeito foi preso | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
O MST regional confirmou que pessoas foram retiradas de Cambahyba, mas não quis falar em números. A primeira morte investigada foi a do líder do movimento Cícero Guedes, 48 anos, no dia 26 de janeiro.
Ele foi executado com cerca de 10 tiros. Alguns dias depois, a lavradora Regina dos Santos Pinho, 56, também foi assassinada. As vítimas eram do assentamento Zumbi dos Palmares.
De acordo com o ouvidor agrário do Incra, Pablo Pontes, o órgão chegou a ser procurado pelo MST para que ajudasse na remoção de acampados de Cambahyba.
“Expliquei que, se há risco, a polícia deve ser comunicada. O Incra não pode pegar pessoas ameaçadas e colocar num carro para levá-las para outro lugar”, afirmou Pontes.
Assentamento Cambahyba, em Campos: chefe de Polícia será avisada sobre insegurança | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
A partir desta semana, o Incra vai cadastrar as 163 famílias que estão na ocupação Cambahyba, alvo de disputa do MST com os herdeiros da antiga usina de moer cana. O processo vai ajudar o órgão a identificar quem são as pessoas que estão nos lotes, que correspondem a oito fazendas, em 3,5 mil hectares.
Acusado de ser o mandante da morte de Cícero, o funcionário público José Renato Gomes de Abreu, 45, vivia em Cambahyba, onde se passava por integrante do MST.
“O cadastramento é importante, porque a gente pega os documentos do interessado em ter um lote e cruza com informações de outros órgãos. Ali, levanta-se a ficha da pessoa”, explicou o ouvidor do Incra, Pablo Pontes.
Em nota, o MDA assegurou que tem acompanhado as investigações sobre o homicídio de Cícero e enviou ofícios para a Secretaria de Estado de Segurança do Rio, a Delegacia de Polícia Civil local e o delegado de Polícia Civil especializado em conflitos agrários do Estado.
A Anistia Internacional também pediu às autoridades prioridade nas investigações das mortes em nota pública.
Nenhum comentário:
Postar um comentário