sábado, 27 de agosto de 2011

Crise terminal do capitalismo?

Leonardo Boff *

Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adaptar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.

A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mais particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhe foi sequestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.

A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.

O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.

Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% entre os jovens. Em Portugal 12% no país e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas, mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.

A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos países periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaçadas por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.

Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.

As ruas de vários países europeus e árabes, os “indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhóis gritam: “não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumossacerdotes do capital globalizado e explorador.

Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da superexploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas. n
* Teólogo e autor de mais de 60 livros. Artigo publicado no site Carta Maior (www.cartamaior.com.br), em 28/6/2011.

sábado, 6 de agosto de 2011

(Re)divisão, em cifras, da Saúde Pública de Campos


A saúde do nosso Município esta na UTI.

A porta de entrada do Sistema Único de Saúde esta sendo os hospitais e não a Atenção Básica pois sem o PSF praticamente não temos a prevenção e promoção da saúde.

Não estamos vendo nada de concreto para resolver os problemas da saúde como por exemplo a convocação dos concursados do Programa de Saúde da Família.

O Ferreira Machado e HGG estão superlotados. Parece uma praça de guerra (HAITI). Com isso sofrem os pacientes e os profissionais que estão na linha do fronte.


Na época da eleição foi prometido muita coisa para a educação, saúde e etc.

E ai o que foi feito na verdade?

Combateram as terceirizações e privatizaram o SAMU(serviço de atendimento médico de urgência). É menos oneroso criar o Emergência em Casa (REBOQUETERAPIA) do que implantar no município o SAMU que existe em todo o país. É mais viável comprar e montar ambulâncias do que receber as ambuâncias do SAMU pelo Governo Federal.

A pauta das reuniões do conselho municipal de saúde esta trancada devido os atrasos do repasse da complementação que a prefeitura tem que pagar para as instituições parceiras como as filantrópicas.

Estamos de olho.


Segua abaixo deu no jornal da  folha da manhã.

Ao conversar hoje, pela manhã, com um profundo conhecedor da Saúde de Campos e região, impossível deixar de registrar sua revolta com os dois fatos ligados ao setor, ocrridos ontem e reunidos hoje na primeira dobra da capa da edição impressa da Folha.

O primeiro, dando conta da atitute do secretário de Saúde Paulo Hirano, não só ao negar um atraso no repasse aos cinco hospitais conveniados da cidade (Santa Casa, Beneficiência, Plantadores, Álvaro Alvim, João Viana), como na afirmação de que não seria uma obrigação da municipalidade manter os pagamentos por serviços prestados e acordados em contrato.

O segundo assunto, fartamente noticiado na mídia há três dias, foi a assunção ontem do vice-prefeito, Chicão de Oliveira, da Fundação Municipal de Saúde (FMS), criada para unificar o controle das fundação João Barcelos Martins (antes responsável pelo hospitais Ferreira Machado, São José, de Travessão, de Ururaí, de Santo Eduardo e dos PUs da Saldanha Marinho e de Guarus) e Geraldo Venâncio (do Hospital Geral de Guarus).

Em relação às declarações de Hirano, a fonte da Saúde fez a analogia do inadimplente que não salda em dia suas dívidas e ainda ameaça ao contestar sua obrigação de continuar pagando o previamente acordado.

Já em relação à escolha de Chicão, o questionamentos se dá pela fusão das duas Fundações para legar a uma só pessoa, intimamente ligada ao casal Garotinho, o controle orçamentário — e, por conseguinte, do bolso dos servidores das oito unidades de saúde municipais— que antes cabia a Ricardo Madeira e Edson Batista, agora, respetivamente, apenas diretores do HFM e do HGG.

E, em relação tanto a uma impressão, quanto à outra, a fonte garantiu que são ambas correntes no meio de quem milita com Saúde em Campos.

Mas o que isso tudo quer dizer à nível prático? O blogueiro foi buscar no orçamento aprovado para 2011 e encontrou as previsões de R$ 44,563 milhões à secretaria de Saúde, de R$ 209 milhões à Fundação Municipal de Saúde, de R$ 149,724 milhões à Fundação Barcelos Martins e de R$ 93,067 milhões à Fundação Geraldo Venâncio.

Com base apenas nessas cifras previstas para 2011, sem contar os milionários recursos repassados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), as suplementações aprovadas e a aprovar pela Câmara Municipal e os eventuais remanejamentos orçamentários, significa dizer que, a partir de agora, fica assim: Paulo Hirano controla anualmente R$ 253,563 milhões (secretaria mais Fundo de Saúde), cabendo a Chicão, R$ 242,791 milhões (ou o que restou disso para o resto do ano) pela união das duas Fundações.

Por mais redundante que possa parecer, não custa lembrar que essa divisão quase exata, tirando milhão pra cá, milhão pra lá, é de dinheiro público.

Fonte: http://www.fmanha.com.br/blogs/opinioes/?p=7627