(Nota do Comitê Regional do PCB-RJ)
De forma trágica a população do Rio de Janeiro ficou mais informada ainda sobre o jeito Sérgio Cabral de governar. O acidente com o helicóptero, no litoral de Porto Seguro, que resultou na morte de pessoas ligadas ao governador do estado, revela-nos como a classe dominante brasileira encaminha seus negócios, ou melhor, suas negociatas.
O avião em que foi feita a viagem de ida pertencia ao miliardário Eike Batista, o megaempresário que mais investe no Rio de Janeiro. Como gostava de dizer o ex-presidente Lula, grande amigo de Cabral, “nunca na história deste país” se flagrou uma personalidade tão onipresente, seja em qual for o empreendimento que se possa imaginar. Hidrelétrica, siderúrgica, portos, Olimpíadas, Copa do Mundo, hotelaria, limpeza da Lagoa Rodrigo de Freitas, lá está a mão do Mr. X. Além do mais, Eike Batista doou 750 mil reais para a campanha de reeleição de Cabral, e financiou com 40 milhões de reais o projeto das UPPs.
Não se sabe a razão pela qual o governador, para ir a Porto Seguro a uma festa particular, não utilizou o mesmo expediente imoral quando de sua volta da dramática viagem: o fretamento de um táxi aéreo pago com verbas do Tesouro Estadual, isto é, com nosso dinheiro.
O indigitado helicóptero levava ainda a esposa do dono da construtora Delta, Fernando Cavendish o qual foi bafejado pela "sorte" de colocar em sua conta corrente milhões de reais, obtidos em obras feitas pelo governo do estado - para exemplificar reforma do Maracanã e construção do Arco Rodoviário, custo previsto é de 1 bilhão de reais cada. Dos diversos contratos firmados por Sérgio Cabral com Cavendish, 25% se deram sem licitação Por coincidência com a festa de aniversário, o valor da reforma do Maracanã recentemente foi majorado de 705 milhões de reais para 1 bilhão, quem sabe para “arredondar”.
Mas afinal de contas, para que tal viagem? Bem, seria para comemorar o aniversário do empreiteiro. Num "resort" no litoral baiano onde as pessoas somente são admitidas com o de acordo de todos os condôminos. É um luxo só.
Temos, neste emblemático episódio, uma síntese da história do Brasil, tão antiga quanto a mais recente: o dinheiro público sendo utilizado em proveito de empresários e empreiteiros, o governador numa promíscua relação que, obviamente lhe rende também polpudos dividendos, políticos e financeiros, enquanto a saúde, a educação, a segurança pública, os transportes, continuam degradados, numa demonstração cabal (sem trocadilho) do descaso, da arrogância com que o governador do estado encara esta população sofrida. E ainda declara que o Estado não tem recursos para atender às reivindicações de bombeiros, professores e outras categorias que recebem dos menores salários do país.
Urge uma demonstração forte dos movimentos sociais, na mobilização da população, para exigir que o governador do estado explique suas relações promíscuas com os empreiteiros.
23 de junho de 2011